A vontade expressa pelo líder do Grupo Parlamentar do Partido do Governo, em pretender introduzir reformas que dêem credibilidade ao Parlamento e à própria democracia, que se está a esgotar e a ser ultrapassada por movimentos transversais de grupos de cidadãos, mesclados de grupos de interesses económicos, com um forte pendor corporativo, a lembrar o que de pior tinha o antigo regime, é um sinal positivo, se formos sérios nos objectivos, nos métodos e nos fins a alcançar.
Se a mudança é para que nada mude, então mais vale ficar quieto, porque os portugueses, que não são tolos, já não embarcam nestas coisas e podem afastar-se, ainda mais, da participação cívica e do exercício da cidadania.
Redução de deputados, sim. Círculos uninominais, sim. Reforço das Comissões Permanentes da Assembleia, sim. Redução das Reuniões Plenárias, porque não, desde que tal signifique um acréscimo de tempo para trabalho em Comissão, organização de debates e promoção de discussão de temas públicos de interesse nacional. Debates mensais sobre temas acordados com a oposição, sim. Até para evitar a chicana política de o tema ser um qualquer, que não se debate e a focalização das intervenções recair sobre assuntos eventualmente incómodos para o Governo, mas que estão na ordem do dia.
A democracia é, cada vez mais, um debate alargado, participado e objectivo dos temas que contribuem para o nosso futuro.
Debates miméticos do século XIX e XX, com longas e fastidiosas discussões, estéreis, que nada acrescem ao interesse público, são princípios a abater do debate parlamentar.
Por isso, é fundamental sermos sérios quanto à renovação e credibilização do Parlamento.
Os eleitores, que estão cansados, que se encharcam em ansiolíticos para esquecer o aumento dos juros, o endividamento, as crises pessoais, a má saúde, a péssima justiça, o caos urbanístico, enfim tudo o que nos aproxima de um país do terceiro-mundo, um dia destes vão acordar e depois quero ver como vai ser.
Vitor Fonseca
vitor.m.fonseca@gmail.com
Sem comentários:
Enviar um comentário